O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) disse nesta segunda-feira que,
por meio de um decreto, a ser publicado nos próximos dias, toda a
administração pública terá de adotar o serviço de e-mail brasileiro,
criado pelo Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados).
"A presidente me chamou na [última] quinta-feira [10] e disse que
pretende tornar isso uma regra para a administração pública federal",
afirmou. "Para companhias públicas não vai ser obrigatório, pelo menos
não nesse momento. Mas será obrigatório para toda a administração
federal".
Segundo Paulo Bernardo, o Ministério do Planejamento deverá fazer um
cronograma para esta implantação, dentro do governo, que deverá
estabelecer a troca do programa atual --o Outlook, da Microsoft -- pelo
novo até o segundo semestre do ano que vem.
"Não é que vai assinar num dia e no outro todo mundo já vai usar, porque seria impossível essa implantação", explicou.
Paulo Bernardo reforçou que o Ministério das Comunicações já vem se
preparando para a mudança e deve ser um dos primeiros a trocar o serviço
de e-mail.
PROJETO
Segundo antecipado pela Folha no início de setembro, o governo
encomendou aos Correios o desenvolvimento de um sistema nacional de
e-mail, que tinha como mote comercial a segurança contra
"bisbilhotices".
A medida se deu em resposta às denúncias de espionagem do governo americano nas redes brasileiras.
Também antecipado pela Folha, após solicitar esta criação, o
governo decidiu se aproveitar de um sistema já existente e criado pelo
Serpro, em 2010, que já é usado por mais de 700 mil pessoas,
principalmente nos órgãos públicos --entre eles a Presidência da
República.
Para dar 'cara nova' ao programa, o governo encomendou que o Serpro
fizesse algumas mudanças, para lançar uma nova versão no mês de
novembro.
Um dos desejos do governo é que o programa possa oferecer o "certificado
digital", uma ferramenta que permite ao usuário receber notificações
quando os e-mails forem lidos.
"Avisamos a empresa que não vamos renovar pedido de licença e vamos usar
o Expresso [nome do programa brasileiro]", explicou Paulo Bernardo.
"Na nossa visão, como vamos economizar bastante, entre o que pagamos
hoje com as licenças que usamos e a do Serpro, criou-se uma oportunidade
de investir parte dessa economia na melhoria do sistema do Serpro",
completou.
HACKERS
Paulo Bernardo defendeu ainda que a troca do sistema de e-mails ajudam a
cumprir com "as missões de um país civilizado, não deixando que as
contas de e-mail sejam devassadas, invadidas".
Os e-mails encaminhados pelo novo sistema porém, só terão a proteção
aumentada caso sejam encaminhados para outros destinatários que também
trabalhem no governo e usem o e-mail seguro. Mensagens encaminhadas para
fora dessa rede ainda poderiam ser mais facilmente acessadas por
hackers.
"Não temos notícia de vazamento de e-mails nas redes privadas. É claro
que pode acontecer, mas tem que ser um sistema muito mais sofisticado.
Pelo menos o Serpro não vai entregar de bandeja pro pessoal fazer a
leitura a hora que quiser", completou Paulo Bernardo.
Além da mudança nos e-mails, o governo pretende também ampliar a
instalação da rede da Telebras, para que o governo possa usar apenas
infraestrutura própria para comunicação. Mas, para este projeto, ainda
não há data prevista para início ou conclusão.
Folha de São Paulo
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